sexta-feira, 24 de julho de 2009

Energia sem fios já não é utopia

A transmissão de energia sem contactos já não é uma utopia, mas a sua aplicação à vida quotidiana e ao funcionamento de electrodomésticos sem fios não está no horizonte imediato.Teoricamente, é admissível todo o tipo de aplicações futuras deste tipo de transmissão eléctrica, mas a prioridade está a ser dada ao carregamento remoto de telemóveis e dispositivos electrónicos do mesmo tipo, segundo investigadores contactados pela Lusa.
De acordo com Nuno Borges Carvalho, docente da Universidade de Aveiro (UA) e investigador do Instituto de Telecomunicações, várias empresas “start-up” nos Estados Unidos estão a trabalhar em projectos para carregar telemóveis e acender lâmpadas à distância, sem necessidade de fios, mas não passam de protótipos.
Até no Departamento de Electrónica, Telecomunicações e Informática da UA há uma tese de mestrado em preparação que projecta acender uma lâmpada de 60 watts a uma distância de dois a três metros. O autor planeia ter este mês um protótipo demonstrável.
Um dos projectos em estudo nos Estados Unidos visa encastrar antenas nas paredes de uma sala para carregar os telemóveis que se encontram no seu interior, mas um dos problemas que levanta é saber se a frequência necessária é nociva à saúde. Outra ideia é a criação de pequenas plataformas de formato A4, com bobinas, onde se poderiam colocar dois ou três telemóveis a carregar por ressonância magnética, sem necessidade de carregadores.
Na perspectiva de Nuno Borges Carvalho, deverá ser possível dentro de dois a três anos carregar telemóveis ou MP3 por transmissão de energia sem fios.
Com um pouco mais de tempo, cinco a seis anos, será eventualmente possível concretizar outro cenário em que os norte-americanos estão a pensar: tirar os cabos eléctricos do monitor, do teclado e todos os periféricos do PC, acrescentou.
Outro conceito em que estão a trabalhar universidades norte-americanas seria colocar um satélite fora da atmosfera que colectaria energia solar e a enviaria por transferência "wireless" para uma central em Terra, que depois a distribuiria.

A ideia da transmissão de energia sem contacto vem de finais do século XIX, quando o sérvio Nikola Tesla conseguiu pela primeira vez libertar electrões no ar e enviar energia a alguns metros de distância.
Esse sérvio nascido na Croácia, que emigrou para os Estados Unidos, chegou a pensar que poderia enviar energia para todo o Planeta a partir de uma grande torre, mas na altura os poderes económicos e militares estavam mais interessados no envio de informação à distância e sem fios do que no envio de energia.
Curiosamente, é também um jovem físico sérvio da Croácia, Martin Soljacic, que está hoje a dar brado no MIT com protótipos capazes de enviar energia com algumas dezenas de megahertz de frequência, a distâncias visíveis, de alguns metros, através de grandes bobinas.
No MIT foi já possível acender uma lâmpada de 100 watts a dez metros de distância, mas para enviar a energia necessária são precisos meios bastante volumosos.
O problema é enviar a energia a essa distância com um rendimento razoável, segundo os investigadores.
Para Beatriz Borges, também investigadora do Instituto de Telecomunicações e docente no Instituto Superior Técnico, o problema é que a transmissão de energia sem contacto é ainda pouco eficiente e, por isso, o seu impacto industrial não é muito grande.

Fonte: Agência Lusa, 23.02.2009

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